segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Robert Desnos

UN JOUR QU’IL FAISAIT NUIT
Il s’envola au fond de la rivière.
Les pierres en bois d’ébène, les fils de fer en or et la croix sans branche.
Tout rien.
Je la hais d’amour comme tout un chacun.
La mort respirait de grandes bouffées de vide.
Le compas traçait des carrés
Et des triangles à cinq côtés.
Après cela il descendit au grenier.
Les étoiles de midi resplendissaient.
Le chasseur revenait, caranssière pleine de poissons
Sur la rive au milieu de la Seine.
Un ver de terre, marque le centre du cercle
Sur la circonférence.
En silence mes yeux prononcèrent un bruyant discours.
Alors nous avancions dans une allée déserte où se pressait la foule.
Quand la marche nous eut bien reposés
Nous eûmes le courage de nous asseoir
Puis au réveil nos yeux se feremèrent
Et l’aube versa sur nous les réservoirs de la nuit.
La pluie nous sécha.

(UM DIA EM QUE ERA DE NOITE
Voou até ao fundo do rio.
As pedras em madeira de ébano, os arames em ouro e a cruz sem braço.
Tudo nada.
Eu odeio-a com amor como todo um cada um.
A morte respirava grandes lufadas de vida.
O compasso traçava quadrados e triângulos de cinco lados.
Depois disso, desceu ao sótão.
As estrelas do meio-dia resplandeciam.
O caçador regressava, o bornal cheio de peixes, pela margem no meio do Sena.
Uma minhoca marcava o centro de um círculo sobre a sua circunferência.
Em silêncio os meus olhos pronunciaram um estridente discurso.
Então avançámos por uma álea deserta onde a multidão se acotovelava.
Quando a marcha nos trouxe repouso
Tivemos a coragem para nos sentar
Depois ao despertar os nossos olhos fecharam-se
E a aurora verteu sobre nós os reservatórios da noite.
A chuva secou-nos.)

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